terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Respostas

"Posso voar contigo?
Empurra-me para fora deste mundo confuso onde me encontro e me perco..."

Anónimo

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Devíamos ter-nos conhecido há muito tempo...

"_ Devíamos ter-nos conhecido há muito tempo…
_ Mas conhecemo-nos há muito tempo – replicou Galip, olhando-a no espelho. _ Não nos sentávamos no mesmo banco de escola, mas quando, nos primeiros dias amenos da Primavera, se abriam as janelas da sala de aula depois de grandes discussões entre prós e contras, eu contemplava, como estou a fazer agora, o reflexo do teu rosto na vidraça que o quadro preto transformava em espelho.
_ Hum… Devíamos ter-nos conhecido há muito tempo.
_ Conhecemo-nos há muito tempo – repetiu Galip. A primeira vez que te vi, as tuas pernas pareceram-me tão delicadas, tão frágeis, que tive medo de as ver partirem-se. Parece-me que a tua pele era mais grossa quando eras miúdas, mas quando cresceste, durante os teus anos de liceu, ganhaste novas cores e a tua tez tornou-se incrivelmente delicada. Nos dias quentes de Verão, quando fazíamos trinta por uma linha lá em casa, ou quando voltávamos da praia, lambendo os nossos cones de gelado comprados em Tarabya, e quando arranhávamos os braços para escrever coisas na nossa pele esbranquiçada de sal, eu adorava a penugem dos teus braços tão finos. Adorava as tuas pernas rosadas pelos raios do sol. Gostava tanto dos teus cabelos que se espalhavam por cima da tua cara, quando estendias o braço para tirares alguma coisa da prateleira por cima da minha cabeça…
_ Devíamos ter-nos conhecido há muito tempo. ”

Orhan Pamuk, Os Jardins da Memória

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Desafio

O Miguel e a Sandra desafiaram-me, e eu aceitei..
Até porque acho este desafio engraçado...
As regras são as seguintes:
1. Pegar no livro mais próximo
2. Abri-lo na página 161
3. Procurar a 5ª frase completa
4. Copiar a frase
5. Não escolher a melhor frase nem o melhor livro (usar o mais próximo)
6. Passar o desafio a cinco pessoas

Livro: Os Jardins da Memória, de Orhan Pamuk

A 5ª frase da página 161 diz o seguinte:
"Se tivermos em conta a lógica do seu discurso, podemos pensar que se trata igualmente de um filósofo, ou de um grande homem que ascendeu à sabedoria, de um desses personagens tão numerosos na nossa história, mais preocupados com os interesses do Estado e da nação do que com os seus próprios."

Quem achar interessante que pegue no desafio..

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Magnífico

Viver é acreditar e realizar o impossível. Se está à espera do Dia dos Namorados para arranjar um, não fique sentada. Faça como uma amiga minha que cada vez que sai de carro, vira o retrovisor para o lado do condutor, retoca o batom e diz com uma convicção demolidora o Príncipe pode estar em qualquer lado. E pode mesmo.
Foi um amigo meu que um dia me explicou o que era esse maravilhoso conceito da pessoa certa. A pessoa certa não é a mais inteligente, a que nos escreve as mais belas cartas de amor, a que nos jura a paixão maior ou nos diz que nunca se sentiu assim. Nem a que se muda para nossa casa ao fim de três semanas e planeia viagens idílicas ao outro lado do mundo.
A pessoa certa é aquela que quer mesmo ficar connosco. Tão simples quanto isto.
Às vezes demasiado simples para as pessoas perceberem. O que transforma um homem vulgar no nosso príncipe é ele querer ser o homem da nossa vida. E há alguns que ainda querem. Os verdadeiros Príncipes Encantados não têm pressa na conquista porque como já escolheram com quem querem passar o resto da vida, têm todo o tempo do mundo; levam-nos a comer um prego no prato porque sabem que no futuro nos vão levar à Tour d’Argent; ouvem-nos com atenção e carinho porque se querem habituar à música da nossa voz e entram-nos no coração bem devagar, respeitando o silêncio das cicatrizes que só o tempo pode apagar. Podem parecer menos empenhados ou sinceros do que os antecessores, mas aquilo a que chamamos hesitação ou timidez talvez seja apenas uma forma de precaução para terem a certeza que não se vão enganar.
O Príncipe Encantado não é o namorado mais romântico do mundo que nos cobre de beijos; é o homem que nos puxa o lençol para os ombros a meio da noite para não nos constiparmos ou se levanta às três da manhã para nos fazer um chá de limão quando estamos com dores de garganta. Não é o que nos compra discos românticos e nos trauteia canções de amor no voice mail, é o que nos ouve falar de tudo, mesmo das coisas menos agradáveis. Não é o que diz Amo-te, mas o que sente que talvez nos possa amar para sempre. Não é o que passa metade das férias connosco e a outra metade com os amigos; é que passa de vez em quando férias com os amigos. O Príncipe que sabe o que quer, não é o melhor namorado do mundo; é o marido mais porreiro do mundo, porque não é o que olha todos os dias para nós, mas o que olha por nós todos os dias. Que tem paciência para os meus, os teus, os nossos filhos e que ainda arranja um lugar na mesa para os filhos dos outros. Que partilha a vida e vê em cada dia uma forma de se dar aos que lhe são próximos. Que ajuda os mais velhos a fazer os trabalhos de casa e põe os mais novos a dormir com uma história de encantar. Que quando está cansado fica em silêncio, mas nunca deixa de nos envolver com um sorriso. Não precisa de um carro bestial, basta-lhe uma música bestial para ouvir no carro. Pode ou não ter moto, mas tem quase sempre um cão. Gosta de ler e sai pouco à noite porque prefere ficar em casa a namorar e a ver o Zapping. Cozinha o básico, mas faz os melhores ovos mexidos do mundo e vai à padaria num feriado. O Príncipe é um Príncipe porque governa um reino, porque sabe dar e partilhar, porque ajuda, apoia e faz nos sentir que somos mesmo muito importantes. Claro que com tantos sapos no mercado, bem vestidos, cheios de conversa e tiradas poéticas, como é que não nos enganamos? É fácil. Primeiro, é preciso aceitar que às vezes nos enganamos mesmo. E depois, é preciso acreditar que um dia podemos ter sorte. E como o melhor de estar vivo é saber que tudo muda, um dia muda tudo e ele aparece. Depois, é só deixa-lo ficar um dia atrás do outro... e se for mesmo ele, fica.
Marta
Encontrei este texto, por acaso, na internet sei que a autora se chama Marta, o texto é fantástico, magnífico. Acima de tudo faz-nos pensar...

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009


"Se me encurralares num penhasco e me empurrares, diria:
_ E depois, até gosto de voar."