domingo, 23 de agosto de 2009

As Coimbras


Um:
O homem da guitarra tem medo de uma corda.
Evita-a com insistência, faz contas
de cabeça - dórrémíssol - fala sozinho.

A guitarra do homem tem uma corda a menos.
Aflige-se sem desistência, é fá de si mesma,
toca baixinho.

O medo é a corda que nunca esteve,
a música que a corda dá.

Dois:
Todos os dias são terça-feira à noite,
em litígio com o sol,
no diligência.
Coimbra é um pedaço de luz no canto da mesa
e a mulher sentada que aguarda o fado.

É a conta certa de todos os dias,
matemática da noite de terça.
É hoje: Coimbra.
Cidade à noite, entre ruas apertadas na canção
e o recibo amarelo dos que pagam a manhã
com a música que lhes falta.

É a guitarra pousada sobre a mesa.
E a frase falsa,
poço de adjectivos que a prende aqui.


Se tivesse de escolher um único poema como sendo o "Meu Poema" escolhia este magnífico poema do meu amigo Sílvio..

8 comentários:

Sandra disse...

é giro :) * beijinhos..

© Piedade Araújo Sol (Pity) disse...

gostei.

beij

RitaPinto disse...

adorei (:

Anônimo disse...

Gostei :)

m disse...

Está lindo!
Beijo

Diogo disse...

Sempre bom passar por cá e ler estas obras-primas :)

Adélia Abreu disse...

lindo
gostei mto
beijinho

Sílvio Mendes disse...

Oh! Ainda não tinha visto.

Muito-muito obrigado, meu amigo-irmão-poeta-camarada.

Um abraço.