quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

domingo, 27 de dezembro de 2009

Representação Natal Bíblico

No Natal da sociedade actual, os anjos estão parados, os sinos não tocam e as estrelas não cintilam. A família continuará dividida, os meninos chorarão a ausência dos pais e o Natal será apenas uma recordação de brinquedos abandonados pela sala e de uma festa que para o ano se repetirá. Mas a loucura do amor não está aí. Está na carícia, na ternura, no colo e no amor que damos a todos na noite longa, que deveria durar todo o ano. Natal não é esperar um rei todo poderoso que resolva os problemas desta humanidade e, sobretudo os meus problemas. Natal revela a fraqueza de Deus, que é a verdadeira força que mobiliza para o combate de um mundo onde se viva a paz e, onde nos desarmamos diante do sorriso do Deus Menino. Só livres e pequenos poderemos amar os outros.
































































quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Chove. É dia de Natal




Chove. É dia de Natal.
Lá para o Norte é melhor:
Há a neve que faz mal,
E o frio que ainda é pior.

E toda a gente é contente
Porque é dia de o ficar.
Chove no Natal presente.
Antes isso que nevar.

Pois apesar de ser esse
O Natal da convenção,
Quando o corpo me arrefece
Tenho frio e Natal não.

Deixo sentir a quem quadra
E o Natal a quem o fez,
Pois se escrevo ainda outra quadra
Fico gelado dos pés.
Fernando Pessoa

Feliz Natal!

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

nunca cheguei a escrever um poema sobre
a cidade ser à noite um carrossel
de luzes. nem outro sobre
a fotografia onde fiquei com ar
envergonhado. ou sobre o frio e
o passeio por Hyde Park, onde
pássaros vieram comer às tuas mão
se eu deixei fugir alguns versos
só para te poder fotografar. ou sobre
a casa estilo vitoriano, que prometeu
ocultar todas as palavras que dissemos
um ao outro, quando ao deitar
nos encolhíamos debaixo de
vários cobertores e mesmo assim
tínhamos frio. ou o definitivo,
aquele que falaria sobre Greenwich
e o meridiano que me ensinou a importância
do tempo que sempre falta, principalmente
quando numa das pontes quis dizer amo-te,
mas havia um autocarro para
apanhar. e era já o último.

( manuel a.domingos )

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Balançar


Pedes o mundo
dentro das mãos fechadas
e o que cabe é pouco
mas é tudo o que tens.
Esqueces que às vezes,
quando falha o chão,
o salto é sem rede
e tens de abrir as mãos.

Pedes-me um sonho
para juntar os pedaços
mas nem tudo o que parte
se volta a colar.

E agarras a minha mão
com a tua mão e prendes-me
e dizes-me para te salvar.
De quê?
De viver o perigo.
De quê?
De rasgar o peito.
Com o quê?
De morrer,
mas de que paixão?
De quê?
Se o que mata mais é não ver
o que a noite esconde
e não ter
nem sentir
o vento ardente
a soprar o coração.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Balançar


"(...)Pedes-me um sonho
para fazer de chão
mas eu desses não tenho
só dos de voar
e agarras a minha mão
com a tua mão
e prendes-me a dizer
que me estás a salvar
de quê?
de viver o perigo
de quê?
de rasgar o peito
com o quê?
de morrer mas de que, paixão?
de quê?
se o que mata mais é não ver
o que a noite esconde
e não ter nem sentir
o vento ardente
a soprar o coração..."

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

(a carta da paixão)

(...) A paixão é voraz, o silêncio
alimenta-se
fixamente de mel envenenado. E eu escrevo-te
toda
no cometa que te envolve as ancas como um beijo.
Os dias côncavos, os quartos alagados, as noites que crescem
nos quartos.
É de ouro a paisagem que nasce: eu torço-a
entre os braços. E há roupas vivas, o imóvel
relâmpago das frutas. O incêndio atrás das noites corta
pelo meio
o abraço da nossa morte. Os fulcros das caras
um pouco loucas
engolfadas, entre as mãos sumptuosas.
A doçura mata.
A luz salta às golfadas.
A terra é alta.
Tu és o nó de sangue que me sufoca.
Dormes na minha insónia como o aroma entre os tendões
da madeira fria. És uma faca cravada na minha
vida secreta. E como estrelas
duplas
consanguíneas, luzimos de um para o outro
nas trevas.

Herberto Helder

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Três Minutos De Atenção


Não me dê mais
Que três minutos de atenção
Eu fico em sobressalto
Refém da inquietação
Essa velha camarada
Que não deixa passar nada
E me tolda a razão

Ao terceiro minuto
Fico apaixonado
A sonhar como um puto
Por isso tem cuidado
Mantém frio o teu nervo
E conta bem o tempo
Que em pouca água eu fervo

Três minutos de atenção
Não digas sim nem não

Três minutos de atenção
Não digas sim nem não

quarta-feira, 30 de setembro de 2009


Brotam raízes de sonho no solo fértil da vida. Virá sol, virá tempo. Crescerá uma história, regada a água do coração. Basta estares atento e conhecerás a hora de intervir. Não te distraias, poeta. Lança em redor o olhar que vê para além do imediato.

Palavras sábias do meu amigo Alberto. Abraço..

sábado, 5 de setembro de 2009

domingo, 23 de agosto de 2009

As Coimbras


Um:
O homem da guitarra tem medo de uma corda.
Evita-a com insistência, faz contas
de cabeça - dórrémíssol - fala sozinho.

A guitarra do homem tem uma corda a menos.
Aflige-se sem desistência, é fá de si mesma,
toca baixinho.

O medo é a corda que nunca esteve,
a música que a corda dá.

Dois:
Todos os dias são terça-feira à noite,
em litígio com o sol,
no diligência.
Coimbra é um pedaço de luz no canto da mesa
e a mulher sentada que aguarda o fado.

É a conta certa de todos os dias,
matemática da noite de terça.
É hoje: Coimbra.
Cidade à noite, entre ruas apertadas na canção
e o recibo amarelo dos que pagam a manhã
com a música que lhes falta.

É a guitarra pousada sobre a mesa.
E a frase falsa,
poço de adjectivos que a prende aqui.


Se tivesse de escolher um único poema como sendo o "Meu Poema" escolhia este magnífico poema do meu amigo Sílvio..

sábado, 15 de agosto de 2009

Tia

"O momento mais difícil não é na hora da perda,
E sim no dia seguinte,
Onde procuramos e não encontramos
e temos a certeza que nunca mais teremos!"

Até Sempre!

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Cais dos sonhos perdidos


No cais dos sonhos perdidos, onde és protegida pelos anjos
És do tamanho da tua vontade.
E depois de lá, aqui,
Tudo se apaga com a chegada da noite.

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Fingir que está tudo bem

fingir que está tudo bem: o corpo rasgado e vestido
com roupa passada a ferro, rastos de chamas dentro
do corpo, gritos desesperados sob as conversas: fingir
que está tudo bem: olhas-me e só tu sabes: na rua onde
os nossos olhares se encontram é noite: as pessoas
não imaginam: são tão ridículas as pessoas, tão
desprezíveis: as pessoas falam e não imaginam: nós
olhamo-nos: fingir que está tudo bem: o sangue a ferver
sob a pele igual aos dias antes de tudo, tempestades de
medo nos lábios a sorrir: será que vou morrer?, pergunto
dentro de mim: será que vou morrer?, olhas-me e só tu sabes:
ferros em brasa, fogo, silêncio e chuva que não se pode dizer:
amor e morte: fingir que está tudo bem: ter de sorrir: um
oceano que nos queima, um incêndio que nos afoga.

José Luís Peixoto in A criança em ruínas


...fingir que está tudo bem. que a dor não existe ou é apenas um desconforto. que as dúvidas não importam e que as respostas me chegam. que desconheço o peso das palavras e não sinto o vazio do silêncio. fingir que está tudo bem: que lá fora está alguém e que não há solidão. que me chegam os abraços e não existe medo. por dentro um fogo que não se extingue mas que não se pode deixar ver. um grito ensurdecedor que se torna mudo. e ter de sorrir todos os dias: como um calor que nos gela ou um vazio que nos abraça. ou sufoca.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

O amor é fodido


"Nascemos todos com vontade de amar. Ser amado é secundário. Prejudica o amor que muitas vezes o antecede. Um amor não pode pertencer a duas pessoas, por muito que o queiramos. Cada um tem o amor que tem, fora dele. É esse afastamento que nos magoa, que nos põe doidos, sempre à procura do eco que não vem. Os que vêm são bem-vindos, às vezes, mas não são os que queremos. Quando somos honestos, ou estamos apaixonados, é apenas um que se pretende.Tenho a certeza que não se pode ter o que se ama. Ser amado não corresponde jamais ao amor que temos, porque não nos pertence. Por isso escrevemos romances - porque ninguém acredita neles, excepto quem os escreve.Viver é outra coisa. Amar e ser amado distrai-nos irremediavelmente. O amor apouca-se e perde-se quando quando se dá aos dias e às pessoas. Traduz-se e deixa ser o que é. Só na solidão permanece..."
Miguel Esteves Cardoso

sexta-feira, 10 de julho de 2009


Não preciso me drogar para ser um génio, não preciso ser um génio para ser humano mas preciso do seu sorriso para ser feliz.


terça-feira, 7 de julho de 2009

Câmara-lenta


Regras:
1-Publicar a imagem do selo e identificar a amiga que o deu, Sandra;
2- Escolher 5 situações da tua vida, que mereciam ser repetidas em câmara-lenta ;
3- Passar o desafio a outros blogs e avisá-los ;


As minhas situações são:

_Todos os bons momentos que passei na companhia daquelas pessoas que me fizeram ou fazem muito feliz.
* Eram cinco situações mas esta resume todas as situações que mereciam ser repetidas em câmara-lenta.
Desafio:

quinta-feira, 25 de junho de 2009

terça-feira, 16 de junho de 2009


Por vezes, do quotidiano, salta alguém em que não tínhamos reparado e que já lá estava há muito tempo à espera de ocupar um lugar central na nossa vida. Por vezes, do insólito e do inesperado, quando estamos atentos, salta uma hipótese de felicidade.

Palavras sábias do meu amigo Alberto. Abraço..

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Cinco anos depois

É uma árvore que eu vejo daqui, da janela do quarto. A avó costumava vê-la, sentada na varanda. Ao fim da tarde, é uma árvore melancólica, segura à terra e ao tempo: anos como folhas a nascerem viçosas e a misturarem-se mortas na terra. É uma olaia no centro do jardim. Abraço o seu tronco muito forte, sinto o seu corpo de madeira de encontro ao meu, ao vê-la daqui, da janela do quarto.

Hoje choveu e os pássaros só agora se distinguem. A serra, grandiosa, sussurra a sua voz de trovão às raizes da olaia. O céu passa, como tempo, como folhas tristes. Hoje é Domingo. Hoje não choveu e chegaram agora da missa. Diante da olaia, pousam as quatro irmãs para uma fotografia. Os homens sorriem. As quatro irmãs, tão novas, riem. A olaia estende os seus ramos caprichosos no vento para tocar a alegria nos cabelos das irmãs. Hoje não choveu. Hoje é Verão e férias. A avó acabou de se sentar na varanda. E a olaia tem mais ramos. Chegaram os netos. Não corram dentro de casa. Os netos correm na cozinha e no corredor e nos quartos todos. Os homens sorriem. As quatro irmãs dizem não corram dentro de casa, e conversam, e riem. Um raio de sol ilumina as quatro irmãs, sobre uma cómoda, diante da olaia, numa fotografia. Hoje choveu. Vejo a olaia daqui, da janela do quarto. A avó costumava vê-la, sentada na varanda.

Sob a olaia está um banco de jardim, vazio de todas as pessoas que nele se sentaram, molhado, hoje choveu; um banco de jardim, muito velho, fechado no mundo que passou e a sentir a morte na memória. Entre as ervas, levantam-se rosas, rosas entre o verde, levantam-se rosas a dizer ainda cores vivas na tarde. A olaia espera. Ouço vozes vindas das fotografias e das paredes e de dentro das gavetas e de dentro dos baús, vozes enroladas em lençóis de linho, entre rendas antigas de avós de muitas avós da avó. Ouço a avó, sentada na varanda, e a luz nítida, calma do fim de tarde. Não corram dentro de casa. Os netos brincam na varanda. Choram às vezes, mas não choram a sério, fazem birras de criança e limpam as lágrimas no colo da avó. Ouço vozes na sala de jantar, ouço o serviço fino de porcelana na prateleira, ouço os pratos e os talheres. Conversam os homens. Conversam as irmãs. Os meninos jantam na sala. Sobre a copa da olaia, a noite cai como um sorriso. Ao centro da mesa, levantam-se rosas contentes e mais altivas. Na cozinha, no forno, a lenha arde serena em brasas mornas. Sei que hoje choveu. Da janela do quarto, vejo a serra misturar-se lentamente com a noite. Vejo a olaia, imóvel, a esperar sempre. Vejo um banco de jardim, vazio, a guardar um lugar na sua solidão.

É uma árvore que vejo daqui. As suas raízes, longas, entranhadas e a rasgar o peito maciço da terra, são olhares que foram luz, num dia importante; são mãos que acariciaram outras mãos, sinceras num silêncio para nunca mais esquecer; são sangue. O seu tronco é esta casa e esta serra a ver nascer tantas vidas; o seu tronco, forte, são vozes a falar dentro de vozes. Os seus ramos são muitos silêncios espalhados, diferentes e espalhados pelo vento, num mundo onde hoje choveu. Passam nuvens no céu da noite, como tempo, como folhas tristes. É uma árvore que vejo daqui, da janela do quarto. A avó costumava vê-la, sentada na varanda.
Um Beijo Avó..

segunda-feira, 18 de maio de 2009


O paraíso, é a paixão que sentimos durante um abraço a alguém, que nunca chegaremos a conhecer.

Elisabete Reuss

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Futuro Ausente


Depois do passado, os olhares para o futuro, e uma certeza, a de o futuro é uma luz incerta..

sexta-feira, 1 de maio de 2009

domingo, 26 de abril de 2009

Jardim

Quero-te regar, minha flor.
Quero cuidar de ti.
Deixa-me entrar no jardim,
Deixa-me voltar a dormir.

Quero-te regar, minha flor,
Dar-te de novo a paz que perdi.
Quero desvendar a parte triste que há em ti.
Deixa-me existir no espaço novo que acordaste em mim.

E não vês que é de nós o jardim que se fez
Não vês que é para nós o jardim que nos faz em olhar
Que este frio faz tremer quem fica
E faz voltar o que tens e que é meu

Não vês que é de nós o jardim que se fez
Não vês que é para nós o jardim que nos faz em olhar
Que este frio faz tremer quem fica
E faz voltar o que tens e que é meu

Porque é meu...
Porque é meu.

Tiago Bettencourt
http://www.youtube.com/watch?v=d7dsOw_45JM&feature=channel_page

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Dia da Terra

Disse um chefe índio que “a Terra não nos pertence, nós é que pertencemos à Terra”. Celebremos este dia!

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Respostas ao desafio

As três coisas que eram falsas no desfio:
5. A minha cor preferida é preto.
_ A minha cor preferida é o vermelho.
6. Uma vez fugi a meio de uma actuação.
_ Nunca fugi mas confesso que já senti uma ligeira vontade.
8. Quando era criança queria ser astronauta.
_ Desde criança que quero ser jornalista.

domingo, 19 de abril de 2009

Desafio

Fui desafiado pela Sandra para fazer a prova dos nove. Para tal vou enumerar 9 coisas sendo 3 falsas e as restantes verdadeiras. Quais serão as 3 falsas?



1. Tenho uma colecção de pacotes de açúcar.

2. Não bebo café.

3. O meu filme preferido é a Vida é Bela.

4. Sou viciado em música.

5. A minha cor preferida é preto.

6. Uma vez fugi a meio de uma actuação.

7. Já toquei flauta.

8. Quando era criança queria ser astronauta.

9. Quero conhecer toda a América Latina.


Passo a desafiar:
Toujours Luna

segunda-feira, 13 de abril de 2009

sábado, 28 de março de 2009

Voa alto
cada vez mais alto

leva-me longe
cada vez mais longe
iria contigo
levanta a tua mão e segura a minha

imaginando mundos
ainda não sonhados

nunca pensados pelo "sonhador"
anda...
estou aqui neste mundo como um novelo sem
pontas...

início esquecido
e fim inimaginável...

Anónimo

segunda-feira, 23 de março de 2009



Hoje roubei todas as rosas dos jardins
e cheguei ao pé de ti de mãos vazias.

Eugénio de Andrade

quinta-feira, 19 de março de 2009

Eternidade



Quando todas as cores morrerem e as lágrimas rolarem pela tua face. Quando o céu estiver cansado de voar e o mundo escurecer e desfocar. Eu estarei sempre aqui...

domingo, 15 de março de 2009

Rosa

Os anos passarão. Os canteiros hão-de gerar um outro buxo. Outros pássaros virão cantar nos ramos altos do pinheiro manso e dos plátanos. A tia morrerá. E a casa e o jardim, a própria vila, suas rotinas, seus ritmos e seus ecos. Não ficará senão a tua voz na tarde calma. Olá, disseste. E a terra começou a tremer.
Manuel Alegre - A terceira rosa

quinta-feira, 12 de março de 2009

Leva-me para nenhum lugar

É-me cada vez mais difícil esconder a frustração de estar neste mundo...
Já lá vão dois anos que esboço sorrisos mergulhados em dor, forçosamente imitadores da Felicidade que não atinjo... Que não fosse esta a minha sina! Se ao menos esta vida maquinal fosse somente flores! Num mundo imaginário repleto de contos de fadas, príncipes e princesas que para sempre vivem felizes!
Oh! Que bom seria dormir eternamente à beira de um riacho, namorar as árvores e ser sugada pela Mãe Natureza, e permanecer no imaginário dos homens.
Mas desde o início que sempre houve escuridão... Pesado mundo em que o Ódio e a Injustiça reinam para além dos limites da Humanidade!
Se ao menos tudo fosse Belo! Palavra essa que só vigora nas minhas doces quimeras...
Leva-me para um mundo quieto, onde se abrem as portas do nada! Faz-me sentir leve e espectral!!!

Marina

segunda-feira, 9 de março de 2009

Recordar

“Quando o jardim da memória começa a desertificar-se, acarinhamos as suas últimas árvores e as suas últimas rosas, tememos por elas. Para evitar que sequem e desapareçam, acaricio-as, rego-as de manhã à noite! Não faço outra coisa que não seja recordar e voltar a recordar, com medo de esquecer!”

quinta-feira, 5 de março de 2009

domingo, 1 de março de 2009

O último voo


Num tempo sem idade
Acorrentaste-me os pensamentos,
Mas o segredo está no sentimento.

Na lentidão dos sentidos
Entrei no estranho mundo dos afectos.
E neste sentido trágico da vida
Nascerei num futuro próximo.

O Teu Lugar (pela vida adentro)

Já é noite e a esperança
É de novo uma criança
Dou por mim a perguntar
Se há um mundo mais azul
Mais a Norte ou mais a Sul
Onde te possa encontrar

Chegou a hora
Vou fazer outro poema
Não sei se valeu a pena
Construir-te em sonhos meus
Chegou o tempo
De entrar pela vida adentro
Não sei bem se te lamento
Só quero dizer-te adeus

Canto mais uma canção
Faço um filme de ilusão
Já nem sei se sei dançar
Bebo um copo de ansiedade
És mentira ou és verdade?
Já é dia
Desta vez não vou chorar

Construi-te em sonhos meus
Mas, sabes, depois do adeus
Acabei por acordar
E então fiz promessas vãs
Foram tantas as manhãs
Olho em volta
Sinto ainda o teu lugar

Augusto Madureira

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Respostas

"Posso voar contigo?
Empurra-me para fora deste mundo confuso onde me encontro e me perco..."

Anónimo

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Devíamos ter-nos conhecido há muito tempo...

"_ Devíamos ter-nos conhecido há muito tempo…
_ Mas conhecemo-nos há muito tempo – replicou Galip, olhando-a no espelho. _ Não nos sentávamos no mesmo banco de escola, mas quando, nos primeiros dias amenos da Primavera, se abriam as janelas da sala de aula depois de grandes discussões entre prós e contras, eu contemplava, como estou a fazer agora, o reflexo do teu rosto na vidraça que o quadro preto transformava em espelho.
_ Hum… Devíamos ter-nos conhecido há muito tempo.
_ Conhecemo-nos há muito tempo – repetiu Galip. A primeira vez que te vi, as tuas pernas pareceram-me tão delicadas, tão frágeis, que tive medo de as ver partirem-se. Parece-me que a tua pele era mais grossa quando eras miúdas, mas quando cresceste, durante os teus anos de liceu, ganhaste novas cores e a tua tez tornou-se incrivelmente delicada. Nos dias quentes de Verão, quando fazíamos trinta por uma linha lá em casa, ou quando voltávamos da praia, lambendo os nossos cones de gelado comprados em Tarabya, e quando arranhávamos os braços para escrever coisas na nossa pele esbranquiçada de sal, eu adorava a penugem dos teus braços tão finos. Adorava as tuas pernas rosadas pelos raios do sol. Gostava tanto dos teus cabelos que se espalhavam por cima da tua cara, quando estendias o braço para tirares alguma coisa da prateleira por cima da minha cabeça…
_ Devíamos ter-nos conhecido há muito tempo. ”

Orhan Pamuk, Os Jardins da Memória

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Desafio

O Miguel e a Sandra desafiaram-me, e eu aceitei..
Até porque acho este desafio engraçado...
As regras são as seguintes:
1. Pegar no livro mais próximo
2. Abri-lo na página 161
3. Procurar a 5ª frase completa
4. Copiar a frase
5. Não escolher a melhor frase nem o melhor livro (usar o mais próximo)
6. Passar o desafio a cinco pessoas

Livro: Os Jardins da Memória, de Orhan Pamuk

A 5ª frase da página 161 diz o seguinte:
"Se tivermos em conta a lógica do seu discurso, podemos pensar que se trata igualmente de um filósofo, ou de um grande homem que ascendeu à sabedoria, de um desses personagens tão numerosos na nossa história, mais preocupados com os interesses do Estado e da nação do que com os seus próprios."

Quem achar interessante que pegue no desafio..

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Magnífico

Viver é acreditar e realizar o impossível. Se está à espera do Dia dos Namorados para arranjar um, não fique sentada. Faça como uma amiga minha que cada vez que sai de carro, vira o retrovisor para o lado do condutor, retoca o batom e diz com uma convicção demolidora o Príncipe pode estar em qualquer lado. E pode mesmo.
Foi um amigo meu que um dia me explicou o que era esse maravilhoso conceito da pessoa certa. A pessoa certa não é a mais inteligente, a que nos escreve as mais belas cartas de amor, a que nos jura a paixão maior ou nos diz que nunca se sentiu assim. Nem a que se muda para nossa casa ao fim de três semanas e planeia viagens idílicas ao outro lado do mundo.
A pessoa certa é aquela que quer mesmo ficar connosco. Tão simples quanto isto.
Às vezes demasiado simples para as pessoas perceberem. O que transforma um homem vulgar no nosso príncipe é ele querer ser o homem da nossa vida. E há alguns que ainda querem. Os verdadeiros Príncipes Encantados não têm pressa na conquista porque como já escolheram com quem querem passar o resto da vida, têm todo o tempo do mundo; levam-nos a comer um prego no prato porque sabem que no futuro nos vão levar à Tour d’Argent; ouvem-nos com atenção e carinho porque se querem habituar à música da nossa voz e entram-nos no coração bem devagar, respeitando o silêncio das cicatrizes que só o tempo pode apagar. Podem parecer menos empenhados ou sinceros do que os antecessores, mas aquilo a que chamamos hesitação ou timidez talvez seja apenas uma forma de precaução para terem a certeza que não se vão enganar.
O Príncipe Encantado não é o namorado mais romântico do mundo que nos cobre de beijos; é o homem que nos puxa o lençol para os ombros a meio da noite para não nos constiparmos ou se levanta às três da manhã para nos fazer um chá de limão quando estamos com dores de garganta. Não é o que nos compra discos românticos e nos trauteia canções de amor no voice mail, é o que nos ouve falar de tudo, mesmo das coisas menos agradáveis. Não é o que diz Amo-te, mas o que sente que talvez nos possa amar para sempre. Não é o que passa metade das férias connosco e a outra metade com os amigos; é que passa de vez em quando férias com os amigos. O Príncipe que sabe o que quer, não é o melhor namorado do mundo; é o marido mais porreiro do mundo, porque não é o que olha todos os dias para nós, mas o que olha por nós todos os dias. Que tem paciência para os meus, os teus, os nossos filhos e que ainda arranja um lugar na mesa para os filhos dos outros. Que partilha a vida e vê em cada dia uma forma de se dar aos que lhe são próximos. Que ajuda os mais velhos a fazer os trabalhos de casa e põe os mais novos a dormir com uma história de encantar. Que quando está cansado fica em silêncio, mas nunca deixa de nos envolver com um sorriso. Não precisa de um carro bestial, basta-lhe uma música bestial para ouvir no carro. Pode ou não ter moto, mas tem quase sempre um cão. Gosta de ler e sai pouco à noite porque prefere ficar em casa a namorar e a ver o Zapping. Cozinha o básico, mas faz os melhores ovos mexidos do mundo e vai à padaria num feriado. O Príncipe é um Príncipe porque governa um reino, porque sabe dar e partilhar, porque ajuda, apoia e faz nos sentir que somos mesmo muito importantes. Claro que com tantos sapos no mercado, bem vestidos, cheios de conversa e tiradas poéticas, como é que não nos enganamos? É fácil. Primeiro, é preciso aceitar que às vezes nos enganamos mesmo. E depois, é preciso acreditar que um dia podemos ter sorte. E como o melhor de estar vivo é saber que tudo muda, um dia muda tudo e ele aparece. Depois, é só deixa-lo ficar um dia atrás do outro... e se for mesmo ele, fica.
Marta
Encontrei este texto, por acaso, na internet sei que a autora se chama Marta, o texto é fantástico, magnífico. Acima de tudo faz-nos pensar...

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009


"Se me encurralares num penhasco e me empurrares, diria:
_ E depois, até gosto de voar."

sábado, 31 de janeiro de 2009

Janeiro



Arrepio transversal na espinha,
mãos geladas, pé dormente.
Ranger de dentes com som a trovoada.
Frio nocturno em que o chocolate quente
aquece os corações aos mendigos de amor.

Mês que chega ao fim
sem que te prometa alguma coisa,
que nem sei o quê.
Porque a minha voz gelou,
E o meu pensamento está preso a ti.

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

O lugar onde te imagino



Hoje esqueço tudo o que procuro,
porque na poeira do pensamento,
o teu rosto paira sobre todas as águas.

A luz do teu olhar é algo novo,
algo que ainda não conheço,
como conheço o teu nome.

E a tua alma voa sozinha
nos olhos do meu pensamento.
Mas quem és tu?

sábado, 17 de janeiro de 2009

Soma de escolhas

As almas solitárias partiram,
sem que me largassem a mão.

Que pena não te puder seguir.
Mas para além de tudo, depois de ti,
há um talento obscuro, e,
nessa noite não chorei.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

O seu herói era, portanto, eu

«Nunca te pude convencer das razões porque acreditava num mundo sem heróis. Nunca te pude explicar que os infelizes escritores que inventam esses heróis nada têm de heróis. Nunca te pude explicar que essas pessoas cujas fotografias aparecem nas revistas são de uma espécie diferente da nossa. Nunca te pude convencer da obrigação que te cabia de viveres como todos os demais. Nunca te pude fazer aceitar que nessa vida como a dos outros, eu devia ter um lugar, eu também.»

Orhan Pamuk; Os Jardins da Memória

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Hoje…escrevo memórias


O que nos resta agora?
A íntima distância do olhar e este breve sabor a saudade nos lábios.
Mas olha para mim como sou,
para quem ainda não caíram as asas,
para aquele que amanheceu sem que o tivesses amado.

Há dias assim, em que o tempo não passa ,
Em que sou arrastado pela trajectória do vazio,
para, este espaço onde não tenho lugar.

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Desafio dos Sonhos

Desafio proposto pela Marta.
Este desafio baseia-se em:
1. Escrever uma lista com 8 coisas que sonho fazer ou que quero que aconteçam este ano
2. Convidar 8 bloguistas a responder ao mesmo.
3. Comentar no blog de quem partiu o desafio.
4. Comentar no blog de quem desafiamos.
5. Mencionar as regras.

Então cá vai:
- Ser sempre eu mesmo
- Paz, saúde, felicidade, estabilidade e amor para a família e os amigos
- Acabar o meu curso na faculdade
- Encontrar emprego
- Ter sempre por perto os que mais amo
- Eu e "La Poderosa" (a minha guitarra) numa grande actuação
- Que haja Paz no mundo, mais solidariedade e respeito pelo "outro"
- Que o Benfica seja campeão

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quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

Sísifo

Recomeça…
Se puderes,
Sem angústia e sem pressa.
E os passos que deres,
Nesse caminho duro
Do futuro,
Dá-os em liberdade.
Enquanto não alcances
Não descanses.
De nenhum fruto queiras só metade.

E, nunca saciado,
Vai colhendo
Ilusões sucessivas no pomar
E vendo
Acordado,
O logro da aventura.
És homem, não te esqueças!
Só é tua a loucura
Onde, com lucidez, te reconheças.
Miguel Torga, Diário XIII


Está é a minha mensagem para 2009. Tudo de Bom!